26 de abril de 2011

A Máscara

Oie Gente;

Em parceria com o Blog do Autor Tarsis Tindarsam toda semana iremos postar um conto de Autores Brasileiros que o Blog Tarsis Tindarsam vai postar.
A Proposta do Blog é que os Leitores conheçam novos Autores e Títulos Brasileiros.
O blog tem as seguintes sessões;
Horror
Aventura
Fantasia
Ficção Científica
Infanto Juvenil
Letras e Poemas

O primeiro conto a ser postado no Blog vai será "A Máscara" do Autor Tarsis Tindarsam.
Espero que vocês gostem, eu adorei o Conto e confesso que quando fui dormir fiquei pensando na bendita Máscara.
Para quem quiser saber mais sobre o Blog e o Trabalho do Tarsis, tem o logo do Blog na Barra Lateral.
Beijokas E Boa Leitura.

A Máscara

Em uma noite fria, Dia das Bruxas, quando alguém bateu com força na porta dos Hangleton. Muito surpresos, o casal de velhinhos apressou-se para abri-la. Curvaram as cabeças para baixo e encontraram apenas uma caixa encardida sob o tapete envelhecido da porta. Olharam ao redor. Não havia ninguém. Somente a tênue luz dos lampiões acesos. no fim da estradinha. Howard Hangleton abaixou-se e pegou a caixa. sua esposa fehou a porta depressa.
    ― Não sabia que o serviço de correios funcionava à noite, minha velha ― ele disse com a caixa nas mãos. Sentiu que o conteúdo não era muito pesado.
    ― Howard, meu velho, ponha na mesa. A caixa está lacrada? Você vai abri-la ou não? ― a meiga senhora perguntou ao esposo, muito interessada.
    Ele fez o que a velha lhe pediu. Então os dois olharam impassíveis para a caixa, mas logo a esposa estreitou os olhos, desconfiada.
    ― Acho que não tem remetente ― o velho constatou.
    A caixa tinha um lacre azul e vários selos com o rosto da Rainha da Inglaterra. O velho balançou a caixa.
    ― E se dentro dela tiver um bicho morto? ― perguntou a velha com os olhos arregalados. ― Alguma brincadeira macabra no Dia das Bruxas.
    ― Então sentiríamos um fedor de podre ou de sangue. Você pediu para eu abrir. Mudou de idéia?
    Ele começou a romper o lacre. Parou e falou muito sério:
    ― Pode ser a cabeça degolada de alguém. Afinal, como você disse, é noite de Halloween.
    A velha tremeu.
    ― Não me assuste, Howard ― ela pediu com os braços encolhidos e os olhos arregalados.
    ― Mesmo assim, é melhor você se afastar, pode ser perigoso.
     A mulher olhou para o esposo e obedeceu. Ele abriu vagarosamente a caixa. De súbito, o velho  soltou um grito rouco.
    ― Ó, minha Santa Edwiges! O que foi, Howard? ― a velha perguntou, apavorada.
    Ele a encarou e seus lábios se abriram em um sorriso traquina.
    ― Doces ou diabruras? ― perguntou o esposo, ainda sorrindo. ― Quero dizer, travessuras...
    ― Não faça de novo, Howard! Nossos corações já estão velhos demais para suportar brincadeiras como essas!
    ― Venha ver ― ele pediu, ainda sorrindo. ― Ainda não sei o que é.
    Ela se aproximou pouco à vontade. O velho enfiou a mão na caixa, desembrulhando de uma vez o que estava oculto.
    ― Uma máscara? De onde veio? Não parece de Halloween ― a esposa comentou.
    ― Acho que é africana. E há uma carta debaixo dela. Santa Edwiges! É uma carta de Jacob! ― exclamou o velho, ao notar a caligrafia desajeitada do filho.
    Os dois ficaram eufóricos.
    ― Ele já está na África, minha velha. ― disse, sentindo-se animado ao ler as primeiras palavras.
    ― Ó, meu menino já está lá? ― Ela lacrimejou enquanto tirava da mesa a caixa encardida com a máscara dentro. Tentava esconder do marido a saudade do filho. Não queria que ele se abatesse também.
    ― Preste atenção, vou ler ― falou, sentando-se em uma confortável poltrona perto do fogo e voltando os olhos à carta.
    ― Leia, enquanto deixo a máscara no console da lareira. ―  A velha pediu, prestando atenção no objeto. Ela não gostou muito, mas não disse nada ao esposo. A máscara era feita de palha, os orifícios dos olhos tinham um desenho demoníaco, a abertura da boca era esquisita, como a boca caída de um cadáver. Lembrava um artefato utilizado por feiticeiros africanos. ― Não vai ler? ― insistiu ela, querendo saber do filho.
    O velho já estava na metade da carta, voltou ao princípio e leu em voz alta:

    “Meus velhos, onde estou é extremamente quente. Sinto falta do clima ameno da Inglaterra e desse bairro tão distante, em Cambridge. Estou atendendo a muitas pessoas doentes. O  árduo dever da medicina me chama quase sempre. Mas vocês me conhecem, eu gosto. A África é um lugar pobre e ao mesmo tempo rico em cultura. Tive acesso a algumas tribos do Quênia e nada supera a grandiosidade da fauna, da savana e da beleza que emergem deste canto da Terra.
    Envio a vocês uma máscara feita por um feiticeiro de uma tribo de pigmeus chamada Okavango. Achei um presente interessante que representa bem a África. O povo daqui pratica muita feitiçaria. É comum encontrar animais degolados e mortos na estrada em cidades mais pobres.
    Devo estar ai perto da primavera. Talvez volte mais velho; o sol daqui é infernal.

    Abraços de seu filho Jacob Hangleton.”

    ― Essa carta foi bem menor que as outras ― comentou a velha.
    ― Acredito que nosso filho está muito ocupado. Acho que escreveu com pressa. Ao menos sabemos que está bem.
    ― Sinto falta dele, Howard.
    ― Eu também, minha velha, eu também.
    Ele se levantou meio abatido e entregou a carta à esposa. Ela enxugou as lágrimas da face, sentou em sua poltrona e pôs os óculos para dar sua própria lida na carta.
    O velho Hangleton foi até a lareira, tentando disfarçar a tristeza.
    ― Como fico com esta coisa? ― O marido levou a máscara africana ao rosto.
    Ela olhou atenta para o esposo. Viu os olhos dele se moverem pelos dois orifícios. Sentiu medo. O velho parecia mau com aquilo.
    ― Howard, tire isso.
    Ele continuou com a máscara, os olhos movendo-se, as duas bolinhas opacas e frias. Então mexeu a cabeça de um jeito demente. Isso a assustou ainda mais.
    ― Howard, por favor!
    Ele continuou usando-a.
    ― Howard!
    ― Está bem, está bem! ― Ele riu. ― Você se impressiona com tanta facilidade!
    ― Não gostei dessa coisa ― ela comentou, mas se arrependeu de imediato. Sabia que aquilo representava uma conquista profissional do filho e, de certa forma, o esposo também se sentia realizado.
    ― Também não gostei ― ele falou rindo, meio sem graça, deixando a máscara no mesmo lugar.
    Ela ficou surpresa, esperava que o marido gostasse de todos os presentes que Jacob mandava.
    ― Não é como aquela bengala tikuna que ele enviou do Brasil. Ou o totem em miniatura do Canadá. Essa coisa é diferente. É assustadora. ― ele falou.
    ― Pensei que fosse ficar magoado por eu ter dito aquilo ― disse a velha, receosa.
    O marido sorriu outra vez, dessa vez com os olhos azuis alegres no rosto enrugado:
    ― Amanhã veremos onde vamos guardar isso.
    ― Howard, por que não guardamos agora? Ela me dá arrepios.
    ― Está bem. Vou guardar no porão e deixá-lo bem trancado. ― ele gargalhou ao dizer a última frase. Pegou a máscara e sumiu da sala.
    A velha ficou em sua poltrona acolchoada tricotando um novo cachecol vermelho. O fogo da lareira crepitava, suave. Pensou como estava confortável ali. O marido juntara toda a aposentadoria para fazer algumas melhorias na casa. Moravam há muito tempo nela. Era num bairro isolado, mas não trocava a tranquilidade daquele lugar por nada. Lembrou-se dos tempos difíceis. O esposo trabalhou três vezes mais e finalmente podiam então descansar. A velhice seria bem tranqüila.
    O velho voltou com o rosto ligeiramente cansado:
    ― Minha velha, acho que vou deitar mais cedo.
    ― Está bem, já estou indo. Feche a janela, a noite está fria ― ela o aconselhou.
    Ele a beijou na testa e subiu a escada. A velha continuou lá, tricotando seu cachecol vermelho vivo.
    Sozinha, percebeu que estava com sono. Tinha de terminar logo aquilo. Apesar de ser relaxante, tricotar exigia certo poder de concentração.
    Alguma coisa estalou na lareira. Talvez algum pedaço de madeira fria. A agulha em suas mãos cintilou, refletindo as labaredas do fogo. Buscou mais linha na cesta ao lado da poltrona. O fogo crepitou alto, outra vez. Quando virou a cabeça para olhar, lá estava a máscara pálida no console da lareira.
    ― Howard!
    Ela tinha certeza de que a máscara fora guardada. Howard fizera isso, sem dúvida ele a guardara. A máscara a olhava. Aqueles dois olhos vazados e diabólicos.
    ― Howard! Howard! ― Dessa vez, ela gritou.
    O marido correu pela escada. Correu tão depressa que tropeçou, precipitando-se como um saco de batatas pelos degraus até o chão.
    ― Howard! Você está bem? Howard, fale comigo! Fale comigo! ― Ela correu desesperada, deixando o tricô cair.
    O velho gemia ainda tonto, com uma das mãos na costela.
    ― Acho que estou bem. ― Ele tentou se erguer.
    ― Não se levante. Devemos chamar um médico.
    ― Onde vamos encontrar um médico uma hora dessas, minha velha?
    ― Descanse um pouco, meu velho ― ela falou carinhosamente. ― Como você é teimoso!
    Ele já estava de pé.
    ― Por que diabos você gritou? ― ele perguntou à esposa, massageando o lado esquerdo do corpo.
    A velha senhora se lembrou porque havia gritado, então, de imediato desviou a cabeça e os olhos para o aparador da lareira.
    ― A máscara! Ela estava... ― A mulher nem se deixou completar a frase. Ficou de queixo caído. A máscara não estava mais lá. Tinha sumido.
    ― O que? O que foi? ― o velho insistiu.
...
CONTINUE LENDO AQUI.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ah, que ideia ótima *-*

Tem muito livro que eu compro sem saber que é de um autor brasileiro e quando vou ler o que tem na orelha descubro. Também tem vezes que estou afim de ler um livro brasileiro e só me vem na mente aqueles mais tradicionais 0.o

Adorei o conto, rsrs

Paola Aleksandra disse...

Bri adorei a ideia.
E menina que conto é esse, e esse Jacob eim, não vou falar nada para não estragar a surpresa de quem não leu o conto ainda.
Mas o final, surpreendente! Gostei muito!

Beijokas

Livros & Fuxicos

T. Tindarsam disse...

Olá, pessoal! Caso queiram seguir o blog é só entrar em http://tindarsam.blogspot.com
Agradeço a Briana pelo post e as opinões. Um abraço!
Tarsis Tindarsam

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