Este conto é do blog Tindarsan do Autor Tarsis Tindarsan.
Espero que gostem!
O Segredo do Patriarca
Depois de ler Harry Potter, de J. K. Rowling, a leitura me inspirou a escrever algo sobre magia. Muitos leitores gostaram do tema abordado, mas foi melhor ouvir da boca de um deles que neste conto o tema 'magia' foi abordado com mais maturidade (pelas veias metafóricas) que nos livros de Rowling. É claro que fiquei feliz com o comentário, porém acho mais importante que o leitor entenda o texto do que goste da leitura. Algumas, como esta, incomodam um pouco. Este conto foi escrito em 2009 e finalizado um ano depois.
Piava a coruja branca no galho da aveleira, as pupilas fixas em dois sujeitos envoltos pela noite. O primeiro deles usava um capuz envelhecido e subitamente a encarou. Tinha um olhar destrutivo que lampejou, ameaçador. Atemorizada, a ave buscou abrigo na beirada de uma janela. Escondida atrás de uma árvore, a coruja ouviu uma voz rascante ferir a neblina:
― És um tolo, Vulpino. Acreditas que podes ocultá-la? Quem a esconderia dos garbhas? Velho imundo, tua vida me pertence!
― Fale baixo. Não digas meu nome ― sussurrou o outro. ― Escute. Não é a criança que prometi. Vá embora...
― O que estás a dizer? A juventude da menina será de tenra beleza. E há séculos procuro me curar da fealdade. Sabes disso!
― Eu disse que entregaria uma criança. Minha neta está fora de cogitação. Nunca a terás!
― Não levantes o dedo para mim, porco! Uma menina nos foi prometida. O diksha se aproxima. A Sociedade a terá. ― Fez uma pausa e puxou ar como se lhe faltasse. ― Hoje o mundo é curioso. Talvez igualmente detestável. No entanto, as coisas nesses novos tempos estão a meu favor.
O sorriso dela fendeu, expondo a fileira de molares negros.
― Não entendo. Do que estás a falar? ― indagou o outro, assustado.
Outra vez o sorriso debochado rasgou-se na face escura. Sua voz gelada tinha uma ironia sutil:
― Os pais dela a enxotaram para cá. A notícia não podia ser melhor. Que maldita palavra ela usou?
― Ela quem? ― perguntou a outra sombra e olhou para trás depois do pio de uma coruja.
― Divórcio ― concluiu a voz modorrenta. O capuz caiu-lhe sobre a face senil.
― Ardilosa! Como soubeste? ― disse a voz do outro.
― Então é verdade! A menina está vulnerável. Não há laços familiares que a protejam! ― exclamou a sombra encapuzada em tom de desejo ardente, como que sentindo cheiro de carne.
― Ela tem a mim! Nunca ficará sozinha ― murmurou.
― Estás em dívida comigo, Vulpino ― Os dentes rangeram com ferocidade ― Sou serva de Mefistófeles. Conheces o poder de tal nome?
― Poupe a voz. O momento não é propício ― hesitou o homem, temeroso.
― Cumpre o pacto, ou tua doença voltará! Desta vez pior do que antes. Portanto, dê-me a menina! ― A figura salivou pelo canto da boca ao pronunciar essas palavras. Ergueu a cabeça como uma serpente prestes a atacar a presa.
― Vamos marcar o encontro na outra lua. Amanhã, não. Amanhã está muito perto ― a voz pausada ponderou ― Espere! Em nome de Deus! Afaste-se de mim! Não faça isso!
A voz do homem misturou-se à brisa noturna. Os gemidos foram abafados pela sombra encapuzada, que ficou tão satisfeita que chegou a gargalhar, depois, proferiu uma canção terrível enquanto caminhava entre as árvores.
4 comentários:
Nossa, sempre me surpreendo com o final dos contos, eles são tão...sei lá, irreais, assustadores.
Parabéns ao Tarsis Tindarsan, e a você também Bri pela iniciativa!
Beijokas
Livros & Fuxicos
Nossa muito interessante1 ^^
Adorei!
beijos!
www.livroseatitudes.blogspot.com
Legal, adorei, Parabens!
@Jennifer13d
Que bom que gostaram. Eu apoio o blog da Briana, é muito organizado e bonito. Briana te devo um livro, assim que a editora me enviar te mando. Abraços
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